Mercado de influenciadores aquece em meio ao coronavírus

Agências como Tubelab, Squid, Non Stop e SamyRoad apontam crescimento na demanda das marcas em ações digitais.

Desde que a pandemia do novo coronavírus foi anunciada, começaram as especulações sobre quais mídias seriam mais afetadas pelo isolamento social e demais restrições impostas pelas autoridades de saúde. Para suprir a necessidade de informação, conteúdo e entretenimento, criadores de conteúdo na internet anunciaram novos formatos, como lives e outros jeitos de fazer vídeo para se comunicar com o público. A resposta a essas iniciativas já aparecem em forma de aumento no engajamento desses criadores e nas propostas de marcas.

Ainda que seja difícil traçar uma comparação com períodos de outras epidemias, pois o mercado de marketing de influência é relativamente novo – como lembra Felipe Oliva, CSO da Squid -, a empresa especializada em marketing de influência notou um aumento de 24% na taxa de engajamento dos criadores de conteúdo e 27% no alcance do Stories, do Instagram, desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a Covid-19 como pandemia, no último dia 11.

As empresas de marketing de influência também notaram um maior interesse das marcas nos agenciados. A SamyRoad, agência global de influencer marketing e social media, registrou um aumento de 60% na procura dos anunciantes por ações com influenciadores na semana passada. Até agosto, a empresa espera um aumento de 40% no volume de propostas. A Tubelab, também especializada em marketing de influência, acredita que essa relação entre marcas e criadores de conteúdo possa crescer cerca de 20%.

Os segmentos mais interessados em associar-se a influenciadores no momento são os de limpeza, higiene pessoal, alimentos, bebidas, aplicativos de delivery e e-commerces ou empresas de varejo que oferecem compra online, como supermercados.

Para manter a demanda aquecida, a SamyRoad sugeriu aos maiores influenciadores de sua rede uma redução de até 25% nos seus cachês. “A SamyRoad está sensibilizando os seus influenciadores a uma redução de cachês unitários, para ganhar no volume e atender à demanda do mercado. Cobra-se um pouco menos, mas têm garantia de mais campanhas a entregar. Essa é a lógica”, explica Paulo Leal, country manager da operação brasileira.

A Non Stop Produções, empresa de gerenciamento de carreira de talentos artísticos, está desenvolvendo projetos para setores que estão mais fortes no momento, no formato de branded content. “Tudo o que estamos vivendo trará mudanças perenes nos hábitos de consumo. Isso é inevitável. Uma delas é o hábito digital. Veja só o aumento do e-commerce nos últimos dias! Olhe para as ações das empresas de tecnologia nos EUA nas últimas semanas. Mesmo com a crise, algumas, como a Zoom, estão performando muito bem. É uma mudança de paradigma e acho que o papel do influenciador crescerá muito depois da tempestade”, coloca Alex Monteiro, sócio da empresa.

Para o executivo, o ganho do digital pode ajudar o setor recuperar a receita que perdeu, assim como as demais áreas, na realização de trabalhos presenciais, gravações marcadas e eventos, como foi o caso dos shows e turnê internacional de um dos agenciados, o humorista Whindersson Nunes, que foram adiados. Segundo Monteiro, empresários e artistas serão responsáveis por reestabelecer parte do mercado de shows, pois os contratantes não possuem fluxo de caixa. Também houve abalo em jobs pontuais ligados a publicidade, como publiposts.

Reforma no feed

Apesar do movimentado momento que o segmento de influenciadores indica estar vivendo, também houve necessidade de alteração na forma e teor daquilo que é comunicado. A mensagem atual envolve temas como consumo necessário e consciente, coletividade, ajuda ao próximo e alternativas de entretenimento durante o período de isolamento. “Os creators têm abusado da criatividade para elaborar conteúdos que ajudem as pessoas nessa fase de afastamento social. Também temos influenciadores ensinando idiomas, outros ajudando os pais a entreterem os filhos, com cantigas, contação de histórias e outras atividades”, diz Felipe Oliva, CSO da Squid.

“Os influenciadores tem papel fundamental em dois aspectos: o de conscientização da população, principalmente a mais jovem, e, posteriormente, no entretenimento. Na primeira semana o consumo sobre coronavírus foi imenso. Agora, as pessoas estão se adaptando a passar tanto tempo sem convívio social, mas existe a necessidade da manutenção da sanidade mental, e os influenciadores são fundamentais nisso”, argumenta Fred Furtado, CEO da Tubelab.

Para Alex Monteiro, da Non Stop Produções, o momento é de uma grande busca por conteúdo, mas maior responsabilidade de entrega. “Os negócios estão passando por momentos de rever algumas estratégias, então contratos e gravações foram postergados, mas há um entendimento diferenciado pelas parcerias. Agora as propostas são projetos ligados à responsabilidade que o momento exige. O marketing social ganhou uma importância ímpar nesse momento”, argumenta.

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